Posted by impropio on March 18, 2007 in quarto de ideias :: sala de ideas :: ideas's room | Permalink | Comments (1) | TrackBack (0)
Escrevo no meio de uma pausa das atividades do coLABoratorio.
Há três dias vivemos - 25 pessoas de 12 diferentes nacionalidades - uma situação quase semelhante à vivida pelos corajosos do Big Brother Brasil. Estamos no Rio de Janeiro mas só vimos o mar de muito longe, lá atras da paisagem que se revela majestosa das inúmeras varandas do castelinho, uma enorme casa em forma de castelo no bairro de Santa Teresa, alugada especialmente para a realização desse encontro de criadores. Só saimos daqui para ir ao estúdio que fica a 15 minutos caminhando desse lugar, onde vivemos, discutimos, vemos vídeos e apresentações de trabalhos/propostas, comemos e também nos divertimos muito depois das quase 12 horas de atividades diárias.
Difícil achar uma entrada para o relato dessa experiência. São muitas sensações, descobertas, um ritmo alucinante de trocas, confrontos de idéias e opiniões, pessoas novas, propostas outras e essa química silenciosa que nos tem movido a todos de uma maneira intensa e muito gratificante, como se construíssemos a torre de Babel, tantos são os idiomas falados e as traduções simultâneas que nos obrigam a pensar justamente nessa trans-codificação de signos e linguagens para estabelecer uma comunicação.
A linguagem do corpo, o propósito do movimento, os modos de processamento, elaboração e apresentação de espetáculos de dança (dança abordada com abrangência, como produção de conhecimento e extensão de fronteiras e parâmetros) estão sendo constantemente questionados, de maneira séria e comprometida, mas quase sempre divertida e sincera, despojada, próxima do que somos nós, do que buscamos, do que sabemos ou não sobre nossos fazeres artísticos.
As atividades da manhã são orientadas por mim, que venho propondo minhas questões buscando respostas no corpo, e à tarde por Xavier Le Roy (França), que aborda questões mais teóricas, sobretudo convenções e códigos que nos possibilitam estabelecer um contato direto e eficiente com o publico através de nossos trabalhos. Essas atividades são acompanhadas pelo Eduardo Bonito, (idealizador do Colaboratorio e diretor do Panorama Festival) e por teoricos como Adriana Matos (filósofa e diretora do FID - Belo Horizonte) e David Linhares (lingüista e diretor da Bienal de Dança do Ceará) que nos oferecem um suporte de informações valiosas, diretamente relacionado ao que se está pesquisando naquele momento. O resto do tempo passamos ouvindo relatos de como se faz danca na República Checa, na Inglaterra, Portugal, România, Venezuela, Colômbia,Ceara. Colocamos tudo no mesmo saco, sem distinções ou hierarquias, e a idéia é criar as regras e normas para esse convívio-acaso, redefinidas a cada hora por uma nova questão, uma descoberta, algo que nos faça repensar tudo e agir no sentido de abrir o espaço necessario para as transformações emergentes.
Para mim essa foi uma oportunidade valiosa de estar no meio desse cruzamento e repensar minhas questoes a partir das questoes propostas pelos 20 criadores. Uma oportunidade unica de trabalhar em parceria com Xavier Le Roy e Vera Sala, tambem orientadores do projeto, e com toda a equipe do colaboratorio, Isabel, Anik, Sandro.
Abaixo algumas imagens e palavras que podem servir como pecas desse quebra-cabecas.
CoLABoratorio
Corpo como
Imagens do Caos
Zoitsa derramando a agua de uma garrafa no chao.
Valeria lendo as noticias de um jornal em voz alta.
Andrea dancando bale com uma maca na boca.
Zoitsa parando o transito, sentada no meio da rua.
Fauler de cueca no meio da rua.
Adriana de bunda de fora, dizendo "esse eh o meu passaporte".
Josie cantando uma cancao folclorica.
Luis fazendo saltos de bale.
Rafael respirando com um saco plastico.
Rommel construindo uma casa com pedacos de jornal molhado.
Sara varrendo o espaco.
Valeria tocando um instrumento e Rommel dancando.
Zoitsa chorando.
Xavier mostrando o peito sem pelos para Sara.
Josie quebrando um copo de plastico.
Fauler tirando um cock ring do sexo.
Margo com os olhos tapados de jornal molhado.
Questoes
Caos e jogo (play).
Encontrar um tema/Apresentar um tema/Desenvolver um tema.
Conectividade.
Padroes de Comunicacao.
Convencoes, Regras pre-estabelecidas.
Regras e Ferramentas estabelecidas podem comunicar mais do que um tema.
Diferenca entre Lugar e Espaco. (Milton Santos).
Posicao/Percepcao do Publico.
Como se fazer entender para o publico.
Criar implica restringir. (Vera Sala).
Criar eh excluir possibilidades.
O papel do artista contemporaneo eh produzir algo novo, uma linguagem de novos elementos.(Xavier Le Roy).
Como se configura o corpo que observa?
Nao so os olhos observam, mas todo o corpo.
Problematizar no lugar de Solucionar.
Porque faco uma escolha e nao outra?
Ausencia e presenca (de um Objeto ou Pessoa).
Conectividade intima e/ou distante.
Buscar a dificuldade e a limitacao para nao cair no Convencional. (Francisca Sazie).
Titulos de Espetaculos.
O Movimento como imagem.
Regras, Padroes. (Renata Ferreira).
Encontrar um Ponto Zero de forma Ativa estando com os Outros.
Nao existe movimento despojado de um pensamento, uma ideia.
O que somos como individuos eh o resultado das Conexoes com o Mundo, o Coletivo.
Somos Relacoes, Conexoes, Transito.
Tracos de cada Um
Uma mao segura uma cabeca.
Fabian canta repetidamente "Like a Virgin" com voz de falsete.
Simon caminha de olhos fechados.
Estela danca Flamenco muito lentamente.
Rafael desce as calcas ate os pes e deita ao lado de um pacote de chicletes.
Josie chacoalha o corpo.
Federica bate suavemente no proprio peito.
Luis pergunta: "Quem tem medo de rato?"
Lucy deitada no chao abre os bracos para o teto solenemente.
Ioana esta de pe imovel e silenciosa.
Um homem mede o proprio corpo no corpo de uma mulher.
Margo faz pequenos gestos com os dedos da mao.
Renata cobre a cabeca com a propria roupa e deita no chao.
Instrucoes Coreograficas
Agressao (Francisca).
Mudancas de Estados e Copia (Michelle).
O corpo Fala (Fauler).
Colecoes e Movimentos complicados (Estela).
Catastrofes mundiais e dancar ate a exaustao (Andrea).
Festa sem musica, desconforto, querer ir ao banheiro (Josie).
Reagir aos sons exteriores e buscar uma movimentacao comum (Margo).
Ler ritmos do corpo do outro no proprio corpo (Valeria).
Ganhar e perder territorios fora do corpo (Sara).
Assumir o movimento do outro com a terra desaparecendo debaixo dos pes (Zoitsa).
Receber instrucoes de um outro mundo e executa-las prontamente, convencoes teatrais, delay (Lucy).
Matar um ao outro, Cyborgs (Luis).
Um show de terror, em isolamento e ao mesmo tempo em grupo (Simon).
Minhoca, nao usar as maos, flexionar as articulacoes, se manter numa linha de olhos fechados (Rommel).
Fluxo continuo com acoes interrompidas, comecar mas nao acabar (Renata).
Estar vazio e encher o corpo de alguma coisa em um tempo estendido ao maximo, falar sobre o que faria depois de morto (Fabian).
Vender o corpo sem fazer expressoes faciais, sem criar uma situacao (Federica).
Quiet landscape with love in the back (Paisagem tranquila com amor ao fundo) (Rafael).
Sem uso, sem ambicao, relacao com a culpa, o universo de Samuel Beckett (Ioana).
Ser um so e atraves de um processo passar a ser individuo (Magdalena).
Posted by catarina medina on March 12, 2007 in quarto de ideias :: sala de ideas :: ideas's room | Permalink | Comments (0) | TrackBack (0)
Posted by impropio on March 08, 2007 in quarto de ideias :: sala de ideas :: ideas's room | Permalink | Comments (0) | TrackBack (0)
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Posted by impropio on March 05, 2007 in quarto de ideias :: sala de ideas :: ideas's room | Permalink | Comments (0) | TrackBack (0)
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Direção e coreografia Valéria Pinheiro
Realização Cia Vatá
Colaboração Brazzdance Theater
Abertura: Paulo José com 'Unbadangandãns'
Projeto Quinta com Dança de Março
Teatro do Centro Dragão do Mar dias 1, 8, 15, 22 e 29 de março, sempre as 20 hs.
Umbandangandãns
A partir do texto Depois do Fim, de Ricardo Guilherme, refletem-se os desdobramentos de uma relação amorosa, sob o signo da Lebara Maria Padilha. Questões a serem resolvidas são postas nas mãos desta entidade, responsável por assuntos de amor. Aqui o sentimento é abordado na rua, decidido numa configuração urbana onde palco e platéia se misturam. Teatro, dança e vidas, fazem parte de uma ocorrência só. Nada é arte. Tudo é um desabafo.
FICHA TÉCNICA:
TEXTO. Depois do Fim, de Ricardo Guilherme.
SUPERVISÃO. Sílvia Moura.
INTERPRETAÇÃO E DIREÇÃO. Paulo José.
Sempre com uma atração abrindo o espetáculo:
Paulo José, Coral da UFC, Rommel Nieves (Coreografo venezuelano do Colaboratorio, Belle Trio, Felipe Cazaux e Banda e mais outras atrações interessantes
Inteira R$ 2,00 Meia R$ 1,00
Reserve já o seu lugar e venha curtir com a Vatá seu 'Terreiro do Samba'!
ABCVATA (Associação de Brincantes da Cia. Vatá)
Cia Vatá (Companhia de Brincantes Valéria Pinheiro)
Rua Riachuelo 720 Papicu
Fortaleza - Ceará - Brasil
CEP: 60.175-205
55-85-3265-6711 (telefax)
55-85-9111-8659 (celular - handing)
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Posted by impropio on February 21, 2007 in quarto de ideias :: sala de ideas :: ideas's room | Permalink | Comments (0) | TrackBack (0)
"Vamos, carioca
Sai do teu sono devagar
O dia já vem vindo aí
O sol já vai raiar (...)
Vamos, minha gente
É hora da gente trabalhar
O dia já vem vindo aí
O sol já vai raiar
E a vida está contente
De poder continuar
E o tempo vai passando
Sem vontade de passar
Ê, vida tão boa (...)"
por Vinicius de Moraes / Carlos Lyra
catarina medina
Posted by catarina medina on February 21, 2007 in quarto de ideias :: sala de ideas :: ideas's room | Permalink | Comments (0) | TrackBack (0)
" Por sobre todas las cosas, él imponía a los muñecos el principio de autoridad y el respeto supersticioso al orden y las costumbres establecidas desde antaño en la tienda. Juzgaba que era conveniente inspirarles temor y tratarlos con dureza a fin de evitar la confusión, el desorden, la anarquía, portadores de ruina así en los humildes tenduchos como en los grandes imperios. Hallábase imbuido de aquellos erróneos principios en que se habla educado y que procuró inculcarme por todos los medios: viendo en mi persona el heredero que le sucedería en el gobierno de la tienda, me enseñaba los austeros procederes de un hombre de mando. En cuanto a Heriberto, el mozo que desde tiempo atrás servía en el negocio, mi padrino le equiparaba a los peores muñecos de cuerda y le trataba al igual de los maromeros de madera y los payasos de serrín, muy en boga entonces. A su modo de ver, Heriberto no tenía más seso que los muñecos en cuyo constante comercio habla concluido por adquirir, costumbres frívolas y afeminadas, y a tal punto subían en este particular sus escrúpulos, que desconfiaba de aquellos muñecos que habían salido de la tienda alguna vez, llevados por Heriberto, sin ser vendidos en definitiva. A estos desdichados acababa por separarlos de los demás, sospechando tal vez que habían adquirido hábitos perniciosos en las manos de Heriberto.
Así transcurrieron largos años, hasta que yo vine a ser un hombre maduro y mi padrino un anciano idéntico al abuelo que conocí en mi niñez. Habitábamos aún la trastienda, donde apenas si con mucha dificultad podíamos movernos entre los muñecos. Allí habla nacido yo, que así, aunque hijo legitimo de honestos padres, podía considerarme fruto de amores de trastienda, como suelen ser los héroes de cuentos picarescos.
Un día mi padrino se sintió mal.
-Se me nublan los ojos -me dijo- y confundo los abogados con las pelotas de goma, que en realidad están muy por encima.
-Me flaquean las piernas -continuó tomándome afectuosamente la mano- y no puedo ya recorrer sin fatiga la corta distancia que te separa de los bandidos. Por estos síntomas conozco que voy a morir, no me prometo muchas horas de vida y desde ahora heredas la Tienda de Muñecos.
Mi padrino pasó a hacerme extensas recomendaciones acerca del negocio. Hizo luego una pausa durante la cual lo vi pasear por la tienda y la trastienda su mirada ya próxima a extinguirse. Abarcaba así, sin duda, el vasto panorama del presente y del pasado, dentro de los estrechos muros tapizados de figurillas que hacían sus gestos acostumbrados y se mostraban en sus habituales posturas. De pronto, fijándose en los soldados, que ocupaban un compartimiento entero en los estantes, reflexionó:
-A estos guerreros les debemos largas horas de paz. Nos han dado buenas utilidades. Vender ejércitos es un negocio pingüe.
Yo insistía cerca de él a fin de que consintiera en llamar médicos que le vieran. Pero se limitó a mostrarme una gran caja que habla en un rincón.
-Encierra precisamente cantidad de sabios, profesores, doctores y otras eminencias de cartón y profundidades de serrín que ahí se han quedado sin venta y permanecen en la oscuridad que les conviene. No cifres, pues, mayores esperanzas en la utilidad de tal renglón. En cambio son deseables las muñecas de porcelana, que se colocan siempre con provecho; también las de pasta y celuloide suelen ser solicitadas, y hasta las de trapo encuentran salida. Y entre los animales -no lo olvides-, en especial te recomiendo a los asnos y los osos, que en todo tiempo fueron sostenes de nuestra casa. "
Julio Garmendia
Posted by impropio on February 08, 2007 in quarto de ideias :: sala de ideas :: ideas's room | Permalink | Comments (1) | TrackBack (0)